segunda-feira, 22 de agosto de 2011

enquanto amanhã não vem - carta








Fui pensar numa carta pra te deixar quando sentir saudade e quiser saber desse momento que você não faz parte. É uma carta pra você, mas pode ser lida por mim como lembrança do que eu fui.

Cheguei hoje a noitinha do trabalho, que anda tudo muito atrapalhado, fazendo um esforço enorme pra manter as ideias -e as amizades- no lugar certo. Fico sempre só (e muito confusa). Presta atenção e lê, porque afinal você nunca foi muito de entender essas coisas de leitura, palavras de menos, pensamentos demais. Você deve estar com vibrações estranhas, sempre atento aos mistérios que só você mesmo decifra. Vou tentar ser curta o bastante pra falar de todo esse tempo confuso e meio sem jeito, mas estranhamente significativo e próspero.
Muita destemperança pra quem se acha velha com trinta e poucos anos. Como diz Caio, destemperanças fascinam, então tento me acalmar e me encaixar em alguma espécie de gente por ai. Nunca me encaixo. 'Ninguém me ensinará os caminhos' é Caio de novo, muito bem sussurrado no meu ouvido. Avanço, mas não às cegas.

Tudo bem, eu li demais Caio Fernando Abreu, e tenho essa pendenga de trazer os problemas pra borda. Tenho esse lado cafona pisciano de ser romântica e poeta e gostar de magia, krishna e hare hare. É tudo muito por fora do real querer acreditar na energia das pessoas e tal, aprendi a ser mais prática, mas ainda perco horas conversando sobre religião, plantas, energia e essas coisas que você não acredita que possam mudar o rumo da história. Desculpa, mas ainda sou muito pisciana

Eu te pergunto agora oque é que você faz? Já colocou Jesus na tua vida? 'O caminho é in, não off' lembra? Você só vai mudar se você quiser. Não será pra mim, nem pra sua mãe, nem pra Deus. É pra você mesmo
Acho que aprendi razoalvemente sobre a vida. A gente tem que sangrar pra ser feliz. E dinheiro importa bastante, mas ter pra quem dá-lo importa muito mais. Leu bem? Dá-lo.
As pessoas doem e você também pode doer se não souber sangrar de vez em quando. Como Clarice, como Kafka, como Einstein ou Rimbaud.

Remexo na memória, nos fracassos, nas fantasias e num monte de delongas descabidas. Posso dizer que te amo, não me engano. E quero dividir um pouco do meu tempo por aqui. Não vou falar de família. Porque são meu maior tesouro. Só de pensar, choro de amor. Fico sangrando de novo. Fui escolhida a dedo pra estar aqui e agradeço demais, coisa do inconsciente.

Não leio muito ultimamente, o livro do Gabriel aos domingo. É rico, novo, esperançoso e me dá uma enorme lição de disciplina. Quero e preciso muito mais. Muito mais dessas coisas simples que me encantam cada dia. Sei também que você não é bom na leitura. Mas leia, é importante você saber como destruir fantasmas por dentro. Ou então levá-los pra onde quiser. Tua mente que diga! E não dá pra enganar a consciência tão fácil. Ninguém te ajuda. Ninguém coloca o dedo na tua garganta pra vomitar - la vem Caio de novo-

Tou sonhando demais. Sonho mesmo, de quando a gente dorme, porque esse sonho acordado pra mim é coisa de quem vive nas nuvens. Eu durmo e viajo. É alegre demais. É atrevido. Tem balanço, luz e muito verde em volta. Ilumina

Minha casa tá linda. Aos poucos vou colocando minhas vontades e cores no lugar. To muito eu-comigo, mas é sadio, sabe? To falando demais enquanto escrevo pra você. Te encontrei aqui e achei interessante te avisar de tudo. Te fazer saber de mim. Da vida. Do tempo. Não existe um jeito certo de dizer tudo isso, pensei. Talvez por aqui resolvesse alguma coisa. E a coisa saiu. Pequenas magias

Você deve tá pensando se essa carta é pra você mesmo. Te digo que é. Não espero que goste.
Apenas me leia
Te cuida.
Me queira bem
Te quero também
Meu beijo

Vanessa Leonardi

Nenhum comentário:

Postar um comentário