As bruxas assumem muitas formas. Já o escritor Roal Dahl nos avisava que elas estão onde menos se espera. Se fossem todas iguais às dos livros, não havia nenhum menino, nem nenhum adulto que entrasse nas suas casas de chocolate e acabasse preso numa gaiola, na engorda.
É para poderem enfeitiçar mais gente que elas às vezes se disfarçam, e só percebemos quem realmente são quando deixam cair a máscara. Ou seja, invariavelmente, tarde de mais.
A bruxa vingativa. Há mulheres que nasceram para fazer a vida dos homens num inferno, que me desculpem as minhas correligionárias. Não é por os obrigarem a dizer que gostam delas vinte vezes ao dia, que isso é uma banalidade congénita, mas por viverem obcecadas pelo seu ciúme e não permitirem que os pobres rapazes se afastem dois passos sem a sua companhia. Fingem que procuram um par, mas na realidade querem um servo da gleba. Há relações com bruxas vingativas que duram anos, tal o medo de uma separação, mas os que conseguem dar o grito do Ipiranga recebem a confirmação de que os seus receios eram justificados. Estas bruxas recusam-se a aceitar que o amor tenha acabado, ou a «união» chegado ao fim. Quando sentem que ainda podem reconquistar o escravo, fazem o papel de coitadinhas, mas mal percebem que a ruptura é definitiva, deitam as garras de fora.
A bruxa sedutora. São aquelas que abusam constantemente da nossa boa-fé e da nossa bondade. Falam com uma voz melosa e insinuam-se o mais que podem. Aquilo cheira-nos ligeiramente a esturro, por vezes temos quase a certeza de que nos estão a dar uma grande tanga, mas lá vamos dando o benefício da dúvida. E, de caminho, cumprindo as suas ordens, fazendo o seu trabalho, assumindo as suas responsabilidades e, quando damos por isso, não passamos de marionetas nas suas mãos hábeis. No dia em que perdemos a cabeça, a bruxa sedutora faz o papel de vítima com tanto jeito para o teatro, que acabamos por nos chicotear a nós mesmos.
As bruxas boas. Estas são a paixão de qualquer pessoa de bom senso. Usam o chapéu de bico sem vergonha, montam-se em vassouras em pleno dia e não escondem o caldeirão na despensa. Podem desarmar quem quiserem com a sua varinha, mas, quando o fazem, o desarmado/a agradece, porque só fica a ganhar. Quando se encontra uma bruxa boa, nunca mais se suporta uma mulher banal, que não seja capaz de aquecer o jantar, mudar os móveis de sítio, ou fazer-nos rir até às lágrimas, só com um torcer de nariz. Felizmente todos conhecemos bruxas destas, e se formos gente cheia de sorte, até temos uma ou duas lá em casa.
Isabel Stilwell, adaptado de DESTAK FDS , Abril 2008retirado do bloghttp://educaeaprende.blogspot.com/2009/10/bruxas-ha-muitas.html
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