chora onde outros xingam;
quer, onde outros cansam;
espera, de onde já não vem;
sonha, entre realistas;
concretiza, entre sonhadores;
fala de leite em reunião de bêbados;
cria, onde o hábito rotiniza;
perde horas em coisas que só ele sabe importantes;
diz sempre na hora de calar;
cala sempre nas horas erradas;
fala de amor no meio da guerra;
deixa o adversário fazer o gol
porque gosta mais de jogar que de ganhar;
aprendeu a superar o riso,
o deboche,
o escárnio
e a consciência dolorosa de que a média é má
porque é igual;
vê mais longe do que o consenso;
sente antes dos demais começarem a perceber;
se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham.'
Artur da Távola
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