"Buscamos no outro, não a sabedoria do conselho, mas o silêncio da escuta; não a solidez do músculo, mas o colo que acolhe" _______Rubem Alves
quinta-feira, 17 de março de 2011
O MENINO DAS MEIAS VERMELHAS
triste Ele era um garoto triste.
Andava pelas ruas da cidade
com suas meias vermelhas
…Eram ridículas e chamavam a atenção.
O menino procurava estudar muito.
Na hora do recreio ficava afastado dos colegas,
como se estivesse procurando alguma coisa.
Todos os outros meninos zombavam e riam dele,
por causa das suas esquisitas meias vermelhas.
Um dia os colegas o cercaram e lhe perguntaram
porque ele só usava, há mais de um ano, as meias vermelhas.
Ele falou, com simplicidade e muita emoção:
“No ano passado, no dia do meu aniversário, minha mãe me levou ao circo.
Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar e disse a ela
que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas.
Mas ela me disse que tinha um motivo muito forte para me colocá-las.
Eu não conseguia entender e ela, com paciência, me disse que se eu me perdesse,
bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas,
e perdido, saberia que era o filho amado dela.”
“Ora”,
disseram os garotos,
“mas você não está num circo.
Por que não tira essas ridículas meias vermelhas e as joga fora?”
O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés,
talvez para disfarçar o olhar cheio de lágrimas, e explicou:
“é que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora.
Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas.
Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja,
ela vai me encontrar, saberá que eu estou perdido, procurando-a,
e me levará com ela para sempre.”
Carlos Heitor Cony
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